Trabalhar para a Radio Diaspora é sempre um mergulho profundo, um convite a investigar todo um universo de referências que o duo explora em suas composições, unindo sempre emoção e invenção, reverência e provocação. Desta vez, o tema deste estudo foi o Ori.
Em Iorubá, Ori significa cabeça, além de possuir, conectado a outras palavras, uma série de outros significados, sempre ligados ao âmbito espiritual. Ele também é considerado, na cultura Iorubá, o primeiro Orixá a ser louvado/cultuado.
Após algumas audições do disco e uma pesquisa inicial em que procuramos identificar os significados de cada faixa e sua relação com o título do álbum, compreendemos que as faixas se conectavam e se completavam, sempre voltadas a esse “Ori espiritual”. Essa relação tornou-se ainda mais evidente ao pesquisarmos a fundo o contexto de cada uma das vozes homenageadas nas composições, como as falas intensas e poéticas de Beatriz Nascimento, narrando sua história pessoal no filme “Ori”, de 1989, e os potentes ensaios de Denise Ferreira da Silva, no livro “A dívida impagável”.
Em meio a essa pesquisa, nos deparamos com algumas imagens do Ilê Ori – “Ilê” (casa) + “Ori” (cabeça) – que nos chamaram muita atenção, não só pela conexão de seu significado com o que vínhamos apreendendo do disco, mas também pelas características visuais, que suscitavam alguns elementos gráficos com os quais poderíamos trabalhar. O Ilê Ori é semelhante a uma coroa, com forração em couro e tecido, bordado na face externa com búzios ou contas. Em seu interior é acondicionada uma forma cônica, similar à coroa: o Ori. As cores de cada Ilê são geralmente escolhidas para homenagear o Orixá de cada indivíduo.
Inspirados no Ilê Ori, fizemos uma série de esboços com formas geométricas, procurando trazer para o desenho as características gráficas de expressões artísticas tradicionais de regiões como Mali, Nigéria, Gana e República do Congo. Entre vários testes, como recortes e impressões em stencil, selecionamos apenas uma parte da coroa de um dos esboços, sintetizando o desenho em duas formas geométricas essenciais – o triângulo e o semi-círculo – que delimitam uma abertura central, onde posicionamos a palavra ORI, composta em uma tipografia criada para o álbum, em que as letras, espelhadas a partir de um eixo central, configuram-se como formas simétricas.
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Capa para o álbum digital ORI e cartaz para o show de seu lançamento, produzido em pequena tiragem com impressão manual em stencil com tinta serigráfica, em duas cores sobre papel Color Plus 180g Marfim, no formato A2 (42 x 59,4 cm).
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